Tradução, adaptação ou
simples plágio? Há mais de um século estudiosos questionam a obra machadiana
"Queda que as mulheres têm para os tolos" numa investigação rigorosa
que não chegou, nem chegará, a uma conclusão definitiva.
Publicado em cinco capítulos entre 19 de abril e 3 de maio
de 1861, na revista carioca quinzenal A Marmota, o texto escrito por Machado
nunca trouxe indicação de autoria ou versão, prática comum na pré-história
dos direitos autorais.
Seja como for, esse livreto compara homens apaixonados
"de espírito" a "tolos", além de, com muita delicadeza,
desqualificar as mulheres na sua capacidade de julgar as intenções
"sérias" ou "risíveis" de homens e homens. E Machado de
Assis se reporta a Victor Hénaux, em De l´amour des femmes pour les sots (ver
Queda que as Mulheres têm para os Tolos – Editora Unicamp) para gerar mais
polêmicas na vida já cheia de controvérsias dos casais.
Machado defende que as mulheres preferem os tolos porque
eles são óbvios, pródigos em elogios, e inconstantes,
passando de conquista a conquista sem crise de consciência, já que o público
feminino lhes concede, numa próxima e próxima vez, o privilégio da escolha.
Já os pobres homens de espírito carregam lembranças de
amores eternos não correspondidos pelo simples fato de serem
"sinceros" em vez de melodramáticos. Qualquer semelhança com os dias
de sempre pode não ser mera coincidência.
Hoje mulheres comandam decisões mundiais, são chefes de
família em porcentagem que quase se iguala à dos homens, levantam a cabeça e
assumem suas vidas quando estão sós. E as decisões românticas: privilegiam
coração, razão, felicidade pessoal ou desvarios do amado? Esta é para pensar em
casa, lendo Machado de Assis e despindo suas controvertidas e magistrais
protagonistas feministas.
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